Bolsonaro chama de 'inadmissível' decisão de Moraes que mandou suspender Telegram

Por Joel Cirilo Barakah em 18/03/2022 às 22:04:17
Presidente falou em evento religioso no Acre. Bolsonaro em evento religioso em Rio Branco

Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou de "inadmissível" a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de suspender o aplicativo Telegram no Brasil.

"Aqui em Rio Branco tive uma notícia no mínimo triste. A decisão de um ministro de simplesmente banir do Brasil o aplicativo Telegram", disse Bolsonaro em um encontro de pastores em Rio Branco, no Acre, na noite desta sexta-feira (18). "É inadmissível uma decisão dessa natureza."

Ele afirmou que a medida pode "causar óbitos por falta de um contato paciente-médico". A transmissão foi feita nas redes sociais de Bolsonaro.

Suspensão

A ordem do ministro, emitida nesta quinta-feira (17), atende a um pedido da Polícia Federal e foi encaminhada a plataformas digitais e provedores de internet, que devem adotar em cinco dias os mecanismos para inviabilizar a utilização do aplicativo Telegram.

A PF diz que tentou o contato com a plataforma Telegram pelos canais disponíveis, a fim de encaminhar as ordens judiciais de bloqueio de perfis, indicação de usuários, fornecimento de dados cadastrais e suspensão de monetização de contas vinculadas a Allan dos Santos. Não obteve resposta em nenhuma das ocasiões.

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o aplicativo, "em todas essas oportunidades, deixou de atender ao comando judicial, em total desprezo à Justiça Brasileira". Segundo ele, o desrespeito às leis brasileiras por parte do aplicativo fere a Constituição.

O fundador do Telegram, Pavel Durov, disse nesta sexta-feira (18) que um problema com e-mails impediu a plataforma de receber determinações judiciais.

"Parece que tivemos um problema com e-mails entre nossos endereços corporativos do telegram.org e o Supremo Tribunal Federal. Como resultado dessa falha de comunicação, o Tribunal decidiu proibir o Telegram por não responder", escreveu o empresário russo, que criou o app com o irmão Nikolai Durov. "Em nome de nossa equipe, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal por nossa negligência. Definitivamente, poderíamos ter feito um trabalho melhor", continuou.

Comunicação

O bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram em todo o território nacional pode dificultar a comunicação do presidente Jair Bolsonaro e de lideranças bolsonaristas com os apoiadores mais fiéis do governo.

Desde 2021, Bolsonaro, seus filhos, ministros e assessores vêm utilizando o Telegram para divulgar conteúdo. O grupo considera que a rede é "livre de censura" e, por isso, utiliza a plataforma para disseminar textos e vídeos com desinformação que poderia ser barrada em outras plataformas.

Atualmente, o "canal oficial" de Jair Bolsonaro no Telegram tem mais de 1 milhão de seguidores. Com frequência, o presidente pede a seus apoiadores que o acompanhem pelo aplicativo – no Twitter, já foram 22 publicações nesse sentido desde o começo do ano.

Fonte: G1

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